151º DRUNH, TURAYDO / RETORNO À ETERNA SALA 9

O minodgu terminara.
Em seu lugar surgiu o turaydo dentro da noite que já se tornara longa feito uma amizade iniciada na infância e prolongada sem interrupções. Nunca havia visto coisa igual. O tempo ecoava no turaydo. Sentia-o divulgador das ações que ainda estavam destinadas à minha constância liboririntática. Entre mim e Liboririm ia tudo bem. Eu conseguira compreender e confirmar o fortalecimento que o planeta dos nove sóis me concedera.
Sem dúvida presenciar o tempo liboririntático tomando a forma etereal do turaydo foi inesquecível porque a noite criada pelo wicauf se adicionou à noite natural do Planalto dos Metais que por sua vez não extinguiu as satisfações dos sóis em acender as estrelas. Todas essas imagens maravilhosas e irradiantes foram exibidas na tela da Sala 9.
Continuei quieto a existir no espaço semiescuro da sala. Ao contrário da última vez que na Sala 9 estive não perdi a vontade de conversar. Sem lágrimas, calor ou frio esperei pacientemente a chegada e algum emissário do Comando Apagogia. Ninguém apareceu.
Quando aquela noite em projeção conseguiu se estabelecer na minha mente pronunciei palavras à ventura. Com os requintes da boa sorte pouco a pouco fui percebendo que a minha voz se unia às vozes femininas procedentes da tela da Sala 9. As dúvidas se dissiparam. Mais e mais, maior e maior era a minha vontade de conversar. Assim a minha voz surround se acoplou às vozes, holograma de áudio, de Toa Tlinaw e Oti Tlinaw, gêmeas xifópagas, as cineastas. Nesse tempo tive como resultado o poder de conversar comigo mesmo e com as criadoras daquelas imagens fabulosas. Foi como se eu me achasse dentro do filme e no íntimo das irmãs liboririntáqueas. Nossas conversas giraram nos nove ensinamentos liboririntáticos incluindo a fé, a fome, a sede e o tempo que dura tal aprendizado.

- Sou o duoef Rúbio Talma Pertinax, Oti Tlinaw e Toa Tlinaw. Nesta noite múltipla clareio-me de estabilidade e convicção. As minhas significações e origens relato-as no livro que chamarei de Planeta Liboririm. Por onde andei em Liboririm escrevi a vida que me rodeava e ainda rodeia de esperanças sinceras. Aos nove sóis e às estrelas dedicarei as minhas palavras de saudade. Aos liboririntáqueos consagrarei a minha amizade. Com eles me descobri, chorei e sorri. Confesso que alguns dos liboririntáqueos que encontrei no meu caminho causaram-me calafrios excitantes. Claridades e escuridões guiaram-me no tempo liboririntático. Algumas vezes descrevi o meu coração como uma metalinguagem. Agora o coração metalífero é um substantivo liboririntático.

- Sou o duoef Rúbio Talma Pertinax, Toa Tlinaw e Oti Tlinaw. Não me esqueci que mastigar, engolir e beber em Liboririm não seriam uma regra geral por mais que a natureza liboririntática evitasse a exceção. Mastiguei massa sólida e volumosa de substâncias diversas. Triturei com os dentes partículas cósmicas do amanhecer, do anoitecer, do jamais amanhecer e anoitecer e do que é em Liboririm próprio para se comer. Engoli líquidos dos mais exóticos sabores. Bebi as piores e melhores jivecs brindando a saúde e a poesia da vida.

- Sou o duoef Rúbio Talma Pertinax, Oti Tlinaw e Toa Tlinaw. Para o bem da verdade é importante eu afirmar que as minhas necessidades fisiológicas em Liboririm foram realmente reduzidas. E somente isto foi uma regra!

- Sou o duoef Rúbio Talma Pertinax, Toa Tlinaw e Oti Tlinaw. Perdi e agora sei que reencontrarei o sentido ou sentidos do tempo inerente ao ser humano. Ter vivido os drunhs foi um fato incrível. Sei também que ao chegar o fim do meu último drunh avistarei o planeta Terra. Por conseguinte o drunhoyd não estará mais comigo. Em consequência o meu envelhecimento como no planeta Terra é conhecido não será mais adiado.

- Sou o duoef Rúbio Talma Pertinax, Oti Tlinaw e Toa Tlinaw. Nunca jejuei em Liboririm. Nunca continuei na ignorância de qualquer coisa. Eu jamais me abstive de nada. Minha habilitação liboririntática foi alcançada minhas queridas Toa e Oti Tlinaw. Talvez eu tenha sido o escolhido para viver em Liboririm por causa das minhas paralisadas, inativas aptidões às coisas liboririntáticas. De qualquer forma as ocupações que me foram dadas despertaram estas habilidades e capacidades. Fizeram-me trabalhar e ser merecedor da confiança dos liboririntáqueos. A sociedade liboririntática coordenada pelas orquestrações divinas de Eudaips e pelo Governo Liboririntático ainda me ensina a encontrar os meus afazeres, deveres e direitos. Também encontro os excelsos membros do Conselho Esclabrim e enxergo os custódios Anjos das Pressagias nos caminhos da imensidão deste planeta que aceitei conhecer e completar.

- Sou o duoef Rúbio Talma Pertinax, Oti Tlinaw e Toa Tlinaw. Como se eu possuísse a inteireza liboririntática, como se eu tivesse no meu sistema circulatório a glândula Rizlavrel vivi sensações de prazeres extraordinários. Cheguei ao apogeu - quem me dera ter atingido o Lisukeo - muitas vezes: quando me envolvi sentimentalmente com Andrim Herdzana, a ningeifaxa do amor súbito; nas vezes em que mergulhei no Rio Ojand; nas cenas teatrais da pela Ludom Cnefi onde fui um dos tognos; e quando pilotei solitariamente a nave IMTAGONX ... Foram momentos apogísticos entre tantos outros. Desde o drunh no qual escrevi o aviso que Lonnysna, o zaurtkaya, praticamente me recitara, comecei a caminhar rumo ao planeta Terra passando por novos drunhs, mas em todos eles revivendo de certa forma emoções que sentira nos drunhs que se sucederam ao tempo liboririntático que já havia passado. Entendi sim o que vocês me disseram amadas Oti Tlinaw e Toa Tlinaw.

- Sou o duoef Rúbio Talma Pertinax, Toa Tlinaw e Oti Tlinaw. Meus olhos a tudo procuraram enxergar. O coração registrou a minha mente. A mente narrou o coração. Liboririm me uniu a Liboririm. Meus olhos não duvidaram e não duvidam que Liboririm me avistou e ainda me vê como de tudo o que é o que realmente eu sou. Rúbio Talma Pertinax, o duoef, atou-se a mim.

- Sou o duoef Rúbio Talma Pertinax, Oti Tlinaw e Toa Tlinaw. Em pouco tempo terminarei de vivenciar o 151º drunh da minha permanência em Liboririm. Nós, queridas cineastas, somos agora um ser único de três cabeças. Com diversos liboririntáqueos mantive contato. Os drunhs foram feitos para os liboririntáqueos e não os liboririntáqueos para os drunhs. Aprendi a não perder as acanhadas alegrias enquanto espero a intensa felicidade.

Algumas imagens geológicas e geográficas do planeta Terra foram projetadas na tela da Sala 9. Nossas vozes se separaram. Toa Tlinaw e Oti Tlinaw saíram da minha mente e corpo. Nossa conversa se silenciou. Permaneci sentado fitando a cor branca que voltara à tela.
Ao longe mais longe ainda consegui ver a figura de Quinchi Ho, o projecionista da eterna Sala 9.