144º DRUNH, DOSUGNO / VERDADEIRO VALOR DO REGRESSO

Passos e olhares me deslocaram por meio de movimentos para a frente. Meu rosto era único diante das várias faces da cidade de Yurryczyarx. A chave da casa que me abrigaria estava em minha mão. Eu caminhava e somente os olhares viajavam para trás e para os lados. Aquela casa, pelo menos por três drunhs, me resguardaria do rigor do tempo liboririntático. O insegogu se encerrara no movimentar-se da caminhada. O dosugno começara nas pulsações e nas ações do caminhar. O trajeto do Hospital Tsahto Solex até a esquina da casa abrigadora me parecia familiar embora nunca antes percorrera aquelas distantes extensões de Yurryczyarx. Dava-me a sensação de familiaridade com o caminho a constante presença de relojoarias nas calçadas ausentes de cerimônias e de formalismos. A cada loja fabricante e de consertos de relógios que eu via meus passos se faziam mais argutos, espertos. Era como se o tempo contido nos relógios ou os relógios enfiados no tempo mostrassem à minha imaginação o verdadeiro valor do regresso.
Sob os sóis, naqueles momentos, eu pouco derramava suores. A casa para onde estava indo logo apareceria diante dos meus olhos que a tudo buscavam ver de maneira profundamente cravada nas entranhas dos seres liboririntáqueos e dos objetos que os circundavam. Minha memória a tudo registrava. No fundo quanto mais me aproximava do meu destino a vontade, o desejo que encontrava era o de escrever a história da minha vida no planeta Liboririm. Teria eu imaginação para tal façanha? Os poemas que escrevia na Terra guardava-os dentro das gavetas dos armários. Vez ou outra puxava um desses poemas para fora. Lia-o. Esperava que ele me contasse o que lhe tinha dito. Vozes que regressavam das nuvens.
Liboririm se localiza além do além das nuvens. Os relógios foram se abrandando dissolvidos pelo momento no qual a casa da esquina procurada se projetou nos meus olhares em corpo de Yurryczyarx. A mão se moveu, estendeu-se. A outra mão por pouco invisível se apoiou sobre o calor da primeira mão. Mãos providas de excepcionais mobilidades e esmeradas sensibilidades.  A chave, entre elas, reapareceu nos contos do dosugno. A porta se escancarou. A casa não tinha nome completo, data de nascimento, endereço concluído, relógios. Não obstante à incompletude era uma casa. Portanto, entrei em suas dependências ávido pelo habateni. Óbvio, diante de mim encontrei dentro do habateni uma escova de dentes, água e espelho. Lavei o rosto. Olhei-me pelo espelho e me enxerguei simples, sem estupefações. Nada se mostrou figurativo, simbólico. Abaixei a calça. Sentei-me no vaso sanitário liboririntático. Urinei e dei a sorte de defecar sem ser interrompido por explosões cósmicas, liboririntáqueos aparecidos de repente, barulhos ferozes de naves espaciais inimigas ou até mesmo ruídos líricos de poemas caindo das nuvens.
Quando o dosugno se punha próximo do seu fim saí do habateni aliviado e pronto para não julgar Liboririm pelas aparências. Não queria correr o risco de me enganar. Sem pressa, pouco a pouco, fui controlando a ansiedade de explorar aquela casa desconhecida.
- Mente e coração me falem por favor sobre as causas deste princípio de ansiedade que já me consterna. -pedi ajuda.
Respirei calmamente. Dei alguns passos para a frente. A casa era feita de tijolos e de placas de metal. Não possuía mobílias. Meus pensamentos recusaram a ideia dos meus sentimentos. De maneira nenhuma eu sentiria solidão. Escreveria com letras normais o passado, apenas isto. O futuro não viveria em ansiedades. Regressaria vivo ao presente. Os passos se libertaram. A tristeza se mantinha distante. A casa se clareou ainda mais. Maior intensidade na claridade me levou a descobrir que aparelhos de som também não existiam na casa. Havia sim na sala uma tela de proporções avantajadas. Observei-a. Senti que a qualquer momento assistiria um filme que não seria eterno e que também não acabaria repentino. Eu precisava durar. Queria descobrir o outro início existente no interior do fim liboririntático. O caminho para se chegar a essa casa transitória foi assim sem termo, uma deslumbrante ação fora do comum.
A verdade transpirava nas coloridas e brancas paredes da casa. Eu me aprimorava nos humanismos liboririntáticos. Revelavam-me os liboririntáticos humanismos dos fatos. Depois de vivê-los, compreendê-los em seus significados eu os escreveria não como uma imposição. Narraria-os como uma proposta ao verdadeiro valor do regresso. 
Quem sabe - pensei quase tocando no meu coração - o próximo drunh, o setergu, se inicie assim:
- Daqui de dentro da casa achei a casa diferente e incomum.
Mas o coração vagueia e gira e gira e vagueia.