141º DRUNH, MINODGU / O QUE SE PODERIA FAZER AGORA?

Soltei o espirro. Expiração estrepitosa. Despertei com os meus próprios ruídos. Havia adormecido nas ausências de Idmmif Saaci e do seu zvaolac. A resplandecência de Yurryczyarx penetrava naquela casa que me abrigara. Levantei-me crédulo que poderia criar um novo céu.
Gargalhei ao perceber a minha prepotência. A prolongada risada principiou o silêncio que invadiu a casa que se alastrou dentro de mim. Yurryczyarx parecia uma cidade vazia. Aos poucos com o passar do tempo fui notando que tudo o que passou me preenchia de lembranças, e que tudo que poderia acontecer de certa forma eu já reconhecia como acontecido.
O silêncio me oferecia a premissa de pensar o que eu bem quisesse a respeito de toda estabilidade e de toda instabilidade que o planeta Liboririm me passava em transmissões não ditatoriais. E foi assim pensando no céu diante do inferno do céu, pensando no inferno diante do céu do inferno que repensei no silêncio como um raio solar de poderes destruidores. A luz de Liboririm me traficava. À vista da realidade inventei o meu estar em um planeta iluminado e libertário.
Os prédios de Yurryczyarx não desabariam com o intuito de me fazer existir. Mas a casa onde eu estava não havia me prometido eternidade. Meus pensamentos ditavam as palavras que os meus sentimentos não gostavam de escrever. Pensava palavras que me elevassem. Eudaips, seus anjos e anciões não me humilhariam. Meus sentimentos se mostravam abatidos pelos meus pensamentos. O céu e o inferno não os elevariam tanto assim.
Compreendi, apesar da inércia, o torpor premonitório que voava ao meu redor. Eu não podia viver o resto do meu tempo liboririntáqueo na casa da rampa e do festim. Viveria para a amplidão do céu mesmo tão fora das noites e estrelas do Planalto dos Metais.
A rampa foi a primeira a desmoronar dentro da robusta casa. Depois vieram os desmoronamentos dos cômodos, os despedaçamentos do chão, os dilaceramentos dos espelhos. Essas destruições ocorreram em profundo silêncio. A vida passou a ser realidade fora de mim. Medos e solidões continuaram a existir nos meus ruídos característicos. Distante do dropoliq, do zvaolac e da acolhedora casa surgida de uma lolesboquia e desfigurada no ar tornei a fazer do ato de caminhar a minha manifestação em prol dos privilégios liboririntáticos e das benesses das buscas humanas.
Por entre os edifícios da cidade de Yurryczyarx me deparei com ruas de múltiplas variedades. Não me davam atenção os liboririntáqueos que encontrava pelo caminho. Agiam como se eu fosse nato cidadão de Liboririm. Não se sucediam olhos nos olhos, esbarrões, pedidos de informações. Talvez eu sem saber, sem ser notificado me transformara num ser involuntário naqueles meus últimos drunhs em Liboririm. Rúbio Talma Pertinax, um abduzido invisível de que ninguém tinha conhecimento. Nunca obtive a certeza plena e absoluta se foi assim o isto mesmo do acontecido.
Andando em silêncio por Yurryczyarx afora fui me soltando da incerteza, do indeterminado. Ao chegar na ponta de uma rua disforme comecei a ouvir uma música tão bonita que lhe atribuí um caráter sagrado. Era a música cantada por um coro, várias vozes.
- Quem sabe seja o silêncio se despedindo de mim!? -exclamei e perguntei para uma construção em ruínas.
Os sóis liboririntáqueos emitiam luzes vermelhas, raios purpúreos e escarlates. Vinham em direção daquela casa achada, perdida e desbaratada pelo tempo. Os restos da construção desmoronada me atraíram. Aproximei-me da ruinaria. Meus pensamentos concluíram que muito abandono havia por ali. Meus sentimentos se acenderam. Tiveram provas de que as ruínas pertenciam a uma morada que muito me lembrou o Noturno Cerne do Desejo. Ambicionei percorrer as entranhas do local. Os movimentos liboririntáticos das ruas não davam a mínima consideração aos meus pensamentos e sentimentos. Não se importavam com as minhas conclusões e poesias. O que eu poderia encontrar no absolutamente nada?
- O que Idmmif Saaci, o dropoliq, e o zvaolac estariam fazendo neste mesmo instante em que desejo estar a sós com a minha natureza? -balbuciei aos ruídos procedentes dos meus passos sobre as folhas secas espalhadas pelas lembranças aniquiladas.
Cada vez mais no interior do que se registrava em minha mente como o Noturno Cerne do Desejo consegui tocar no ar prateado que se expandia no ambiente. Respirava absorto. Incomodava-me o mau cheiro, o azedo das profunduras desmanteladas da casa das ningeifaxas. Sem sentidos opostos dei de cara com um aquário irremediavelmente vazio e com um aparelho Xaraq cujo modelo era bem antigo. Por onde eu olhava encontrava espelhos envelhecidos, trincados, partidos, espatifados, reflexos empoeirados.
Prontamente soltei o espirro. Expiração estrepitosa. O que poderia acontecer agora? Passei a manga da camisa no nariz. Os sóis não se deitavam. Poderia ser um motivo para os drunhs se espicharem. Porém o tempo liboririntático não funcionava assim. Pensamentos e sentimentos punham-se de acordo: os drunhs em Yurryczyarx deveras longos eram mais curtos em relação aos drunhs de Nesemix. 
- O que se poderia fazer agora?